
Espíritas e ecologistas também denunciam um senso de urgência em relação ao que precisamos realizar sem demora em favor da vida. Enquanto os ecologistas alertam para o risco de um esgotamento da capacidade de o planeta prover a humanidade das atuais demandas insustentáveis de matéria-prima e energia, os espíritas recomendam que aproveitemos ao máximo a atual encarnação para ajustarmos a nossa vibração à do planeta, que ascende na escala dos mundos. Ou seja, fazer as escolhas erradas agora pode nos custar o impedimento de seguir reencarnando na Terra, já que para o novo mundo de regeneração só virão aqueles com vibração compatível, mais elevado ética e moralmente.
Espíritas e ecologistas alertam para os riscos da poluição nos dois planos da vida. Enquanto os ecologistas denunciam os impactos causados pela poluição do ar, das águas e da terra, os espíritas desdobram esse olhar para o campo sutil, e revelam a importância de mantermos bons pensamentos e sentimentos para que a nossa psicosfera – campo eletromagnético que nos envolve e que reflete nossa realidade evolutiva, padrão psíquico, emoções e estado físico – seja a mais saudável possível. Sanear a mente e o coração tem efeitos diretos e positivos sobre a nossa psicosfera e a qualidade da vibração do planeta que nos acolhe.
Espíritas e ecologistas denunciam com veemência as mazelas do consumismo. Inúmeros relatórios produzidos pela ONU, organizações prestigiadas como a Worldwatch Institute, universidades e instituições de pesquisa espalhados pelo mundo demonstram que o consumo exagerado, perdulário e compulsivo de aproximadamente 20% da população mundial tem agravado progressivamente o cenário de destruição do meio ambiente. Estima-se que hoje a Humanidade esteja demandando em recursos naturais não renováveis a cada ano 30% a mais do que o planeta seja capaz de suportar. Se o consumo favorece a vida, o consumismo degrada, depreda e destrói em uma velocidade impressionante os recursos naturais não renováveis.
Publicado em 1857, o Livro dos Espíritos – base da codificação – reserva um capítulo inteiro para a chamada Lei de Conservação, no qual a Espiritualidade Maior explica a diferença entre o que seja necessário e supérfluo, e deixa bastante claro que “a Terra ofereceria ao homem sempre o necessário se com o necessário soubesse o homem contentar-se” (resposta à pergunta 705). O enorme apego à matéria – característico dos habitantes dos mundos primitivos – expresso nos valores dominantes da sociedade de consumo dos dias de hoje, revela o risco de desperdiçarmos tempo e energia preciosos com aquilo que é perecível, efêmero e descartável.
São realmente muitas as afinidades entre a doutrina espírita e as ciências ecológicas. Abrir espaço para pesquisas nesta direção significa oxigenar o debate em favor da vida em um momento estratégico para nossa espécie.
Vivemos hoje uma crise ambiental sem precedentes na história da Humanidade e somos diretamente responsáveis por essa situação. O uso soberano do nosso livre-arbítrio nos trouxe até aqui. Hoje, testemunhamos o risco do colapso, do ecocídio que torna o planeta cada vez mais hostil à nossa presença. A boa notícia é que dispomos de todos os meios necessários para reverter essa situação e transformar positivamente essa realidade. Quem procura melhorar-se ética e moralmente – e o Espiritismo elege como uma de suas prioridades a reforma íntima – deve agir em favor da vida, da harmonia e do equilíbrio. Ser sustentável é cuidar de si, dos outros e de nossa casa planetária. Já. (André Trigueiro - artigo escrito para a revista de Cultura Espírita em 29/03/2010)
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