Precisamos refletir sobre o que é necessário e supérfluo em nossas vidas, reduzir a nossa atração pelo que é apenas matéria e, portanto, descartável e perecível. Ser consumista significa ostentar onde há escassez, o que é um problema moral. O consumismo não é ecológico, pois acelera a degradação, a exaustão dos recursos naturais.
Quando atacamos a biodiversidade, como estamos fazendo, estamos subtraindo a vida de espécies importantes para que o equilíbrio em escala planetária seja possível. Cada pequena espécie, por mais insignificante que seja, colabora para que esse equilíbrio exista.
Devemos nos lembrar que, quanto mais atrasado o espírito, maior sua atração pela matéria e maior a vulnerabilidade aos valores da sociedade de consumo.
O espírita precisa se dar conta de que, quando o planeta adoece, nosso projeto evolutivo fica comprometido. Emmanuel, em O Consolador, diz que o meio ambiente influi no espírito. Aos espíritas que mantém uma atitude comodista diante desse cenário, escorados talvez na premissa determinista de que tudo se resolverá quando se completar a transição da Terra (de mundo de expiações e de provas para o mundo de regeneração), é bom lembrar do que disse Santo Agostinho, no capítulo III, de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Ao descrever o mundo de regeneração, Santo Agostinho afirma que, mesmo livre das paixões desordenadas, num clima de calma e repouso, a humanidade ainda estará sujeita às vicissitudes de que não estão isentos senão os seres completamente desmaterializados; há ainda provas a suportar (...) e que “nesses mundos, o homem ainda é falível, e o espírito do mal não perdeu, ali, completamente o seu império.”
“Não avançar é recuar e se não está firme no caminho do bem, pode voltar a cair nos mundos de expiação, onde o esperam novas e terríveis provas’” Ou seja, não há mágica no processo evolutivo: nós já somos os construtores do mundo de regeneração.
Se não corrigirmos o rumo na direção do desenvolvimento sustentável, prorrogaremos situações de desconforto já amplamente diagnosticadas. Não é possível esperar a chegada do mundo de regeneração de braços cruzados. Até porque, sem os devidos méritos evolutivos, boa parte de nós deverá retornar a esse mundo pelas portas da reencarnação.
Se ainda quisermos encontrar aqui estoques razoáveis de água doce, ar puro, terra fértil, menos lixo e um clima estável, sem os flagelos previstos pela queima crescente de petróleo, gás e carvão que agravam o efeito estufa, deveremos agir agora, sem perda de tempo.
O Brasil é a maior nação espírita do mundo. Segundo Humberto de Campos, seria também o coração do mundo, a pátria do Evangelho.
Mas é efetivamente
o país campeão mundial de água doce , de biodiversidade, com a maior área de solos férteis disponíveis.
Há um patrimônio biodiverso invejável. Temos uma riqueza que devemos explorar e respeitar, dentro de uma configuração do que será o mundo. Temos um trunfo que precisamos saber usar, não apenas economicamente, mas eticamente.
André Trigueiro
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