EDUCAÇÃO E CRIANÇA EM FOCO
CRIANÇAS DOENTES
Acalentas nos braços o filhinho robusto que o lar te trouxe e, com razão, te orgulhas dessa pérola viva.
Os dedos lembram flores desabrochando, os olhos trazem fulgurações dos astros, os cabelos recordam estrias de luz e a boca assemelha-se a concha nacarada em que os teus beijos de ternura desfalecem de amor.
Guarda-o, de encontro ao peito, por tesouro celeste, mas estende compassivas mãos aos pequeninos enfermos que chegam a Terra, como lírios contundidos pelo granizo do sofrimento.
Para muitos deles, o dia claro ainda vem muito longe...
São aves cegas que não conhecem o próprio ninho, pássaros mutilados, esmolando socorro em recantos sombrios da floresta do mundo...
Às vezes, parecem anjos pregados na cruz de um corpo paralítico ou mostram no olhar a profunda tristeza da mente anuviada de densas trevas.
Há quem diga que devem ser exterminados para que os homens não se inquietem; contudo, Deus, que é a Bondade Perfeita, no-los confia hoje, para que a vida, amanhã, se levante mais bela.
Diante, pois, do teu filhinho aquinhoado de reconforto, pensa neles!.
São nossos outros filhos do coração, que volvem das existências passadas, mendigando entendimento e carinho, a fim de que se desfaçam dos débitos contraídos consigo mesmos.
Entretanto, não lhes aguardes rogativas de compaixão, de vez que, por agora, sabem tão-somente padecer e chorar. Enternece-te e auxilia-os, quanto possas!
E, cada vez que lhes ofertes a hora de assistência ou a migalha de serviço, o leito agasalhante ou a lata de leite, a peça de roupa ou a carícia do talco, perceberás que o júbilo do Bem Eterno te envolve a alma no perfume da gratidão e na melodia da bênção. (Meimei)
A BOLSA
Um amigo disse recentemente ao despedir-se:
- Gosto de vir aqui em sua casa. É um lugar onde posso dizer tudo o que quero, sabendo que não passará adiante.
O elogio que me fez, cabe muito mais à minha mãe do que a mim.
Um dia,eu tinha, então uns oito anos, estava a brincar ao lado de uma janela aberta, enquanto a Sra. Silva, em confiança, contava a minha mãe alguma coisa de sério a respeito de seu filho.
Quando a visitante saiu, percebendo que eu ouvira tudo, chamou-se e disse-me:
- Se a Sra.Silva tivesse deixado a sua bolsa aqui hoje, iríamos dá-la a outra pessoa?
-Claro que não -respondi prontamente.
E minha mãe prosseguiu:
- Pois a Sra. Silva deixou hoje, aqui, uma coisa muito preciosa, visto que nos contou uma história cuja divulgação poderá prejudicar muita gente. Essa história não é nossa, de modo que não podemos transmiti-la a quem quer que seja. Continua a ser dela, ainda que a tenha deixado aqui. Assim, pois, nós não a daremos a ninguém. Você compreende?
- Compreendi muito bem. E tenho compreendido, desde então, que uma confidência, ou até mesmo uma bisbilhotice que um amigo deixa de vez em quando em minha casa, são dele, não minhas, para as dar a quem quer que seja.
- Quando, por qualquer motivo, percebo que não estou agindo de acordo, imediatamente vem-me à lembrança a bolsa da Sr. Silva e calo a boca em tempo.
(Wallace Leal V. Rodrigues)
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